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Braga ainda não entrou no Pacto de Autarcas
Por Ana Oliveira (Professor), em 2012/06/061012 leram | 0 comentários | 249 gostam
No Pacto de Autarcas participam, atualmente, 47 países europeus, entre os quais Portugal, com 73 signatários. Contudo, nem Braga nem qualquer localidade de Braga assinaram este Pacto. Com base em entrevistas, procurou-se saber mais sobre o assunto.
O pacto de autarcas é o principal movimento europeu a envolver autarquias locais e regionais que voluntariamente se empenham no aumento da eficiência energética e na utilização de fontes de energias renováveis nos respetivos territórios. O principal objetivo é atingir e ultrapassar a meta da União Europeia de redução das emissões de CO2 em 20 %, até 2020. Mas, pelo que parece, este não é um objetivo de Braga.
No mapa da Figura 1 podemos identificar os países e as respetivas autarquias que são signatárias do Pacto (num total de 3981 signatários até à data).

Ponte da Barca, Fafe e Porto são alguns dos signatários portugueses. Colocamos então a questão: será que Braga não tem os recursos técnicos e financeiros necessários para poder aderir a este Pacto? É por isso que não adere?
Verifica-se que há um grande número de municípios que mostram vontade em assinar o Pacto, mas estes nem sempre têm os requisitos necessários. No entanto, no Pacto foi criado um estatuto especial para as administrações e as redes públicas, de forma a estas poderem ajudar os signatários a cumprirem os seus objetivos.
Então, se Braga não assinou o Pacto por falta de apoios, por que foi?
Tentámos entrar em contacto com o governo local. Falamos com o Presidente da Junta de Freguesia de Fradelos, do concelho de Braga, para procurarmos respostas às nossas perguntas. E conseguimos.
O Presidente da Junta, ao ser interrogado sobre o Pacto de Autarcas, revelou que não tinha conhecimento sequer deste, e que nunca a Câmara Municipal de Braga o tinha informado sobre o assunto. Ao perguntarmos se agora, que tinha conhecimento, iria pensar em tornar Fradelos signatária, a resposta continuou a ser negativa.
O Presidente continuou, explicando que, no âmbito da sustentabilidade energética, a Junta tenta contribuir pois agora não tem tantas luzes acesas e não ligam o ar condicionado, de forma a reduzir o consumo de energia. Não explicitou se estavam a tomar estas medidas pelo ambiente ou pela economia da Junta de Freguesia.
Ao ser interrogado sobre a existência de algum projeto no âmbito desta temática, o Presidente revelou que há algum tempo concorreram, com um projeto, a um concurso da EDP para colocarem painéis solares na Junta de Freguesia e nas escolas, mas que este foi indeferido. Contou também que mais tarde uma empresa foi enviada pela Câmara para colocar os painéis nas escolas da Freguesia. Confessou ainda que será difícil virem a apostar nesta temática porque daqui a algum tempo a Junta de Freguesia deixará, provavelmente, de existir e, para além disso, não há capital.
    
O Pacto de Autarcas é uma forma de intervir com vista ao desenvolvimento sustentável. De facto, o Pacto abrange um trabalho nas três áreas definidas como os pilares do desenvolvimento sustentável: Economia, Sociedade e Ambiente (Fig. 2). É portanto um investimento no futuro.
Sabemos que a sociedade depende dos recursos energéticos, sendo inimaginável vivermos sem eles. A exploração sustentável dos recursos energéticos é essencial para assegurar o desenvolvimento de todas as sociedades e permitir a satisfação das necessidades das gerações presentes e futuras. Ponte da Braca, por exemplo, porpôs medidas que incluem um trabalho no setor público (substituição de lâmpadas e de equipamentos, isolamento de edifícios, colocação de sensores, rentabilização da frota automóvel, etc.) e também no setor privado, junto dos cidadãos comuns (apoios, educação e legislação no que toca ao isolamento de edifícios, à condução ecológica, ao investimento em energias renováveis, etc.).
Por isto, saímos novamente à rua e quisemos saber da opinião das pessoas. Perguntamos o que pensam da sustentabilidade energética, das energias renováveis, dos problemas do consumo excessivo de energia e do Pacto de Autarcas. As respostas foram variáveis. Houve quem afirmasse que: “Estamos num mundo em que o mais importante é o dinheiro. As pessoas não se apercebem que sem o planeta, sem a atmosfera, não podem viver e, por consequência, o dinheiro não serve para nada! Com isto quero dizer que as pessoas só vão realmente fazer alguma coisa quando perceberem que não há economia sem um planeta onde ela possa existir!”
Ao interrogarmos uma cidadã bracarense, ela explicitou a sua opinião dizendo: “A sustentabilidade energética é algo com que nos devemos preocupar, mas na realidade é algo pelo que acima de tudo devemos lutar, para que realmente exista. Já houve muito quem falasse neste tema, quem defendesse esta teoria, mas agora tem que se passar realmente da teoria à prática; já estamos no tempo em que se sente a repressão em relação à excessiva utilização dos recursos energéticos.”
Um outro cidadão chegou mais longe e afirmou que: “A verdade é que, realmente, nós, os chamados racionais, criamos tudo isto, o bem mas, principalmente, o mal. Se pensarmos bem, nós somos os últimos segundos do filme da história do mundo e são estes últimos segundos que estão a fazer com que o planeta fique doente.”
Mas também encontrámos quem pensasse que: “Tudo isto é uma estupidez; nós somos ínfimos em relação ao imenso planeta em que vivemos; é impossível algo tão pequeno [como nós] conseguir destruir algo tão grande.”
Ao perguntarmos sobre o Pacto de Autarcas, não conseguimos encontrar ninguém que o conhecesse. Contudo, quando explicamos o que este Pacto significa e informámos sobre o seu principal objetivo, todas as pessoas concordaram com a sua existência e houve até quem afirmasse: “Gostava mesmo de saber por que Braga não pertence ao Pacto.”
Resta saber: quando vai Braga tornar-se signatária?

Reportagem produzida por: Marta Teixeira, Paulo Cruz e Sara Oliveira, 9.º ano, Turma B
Escola Básica Trigal de Santa Maria

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